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25 de Abril de 2024

Temer diz que impeachment ocorreu porque Dilma rejeitou 'Ponte para o Futuro'

Espécie de plano de governo do PMDB, que não foi apresentado durante as eleições, já previa privatizações e cortes em saúde e Educação

Publicado por Cleide Azevedo
há 8 anos

Por Inacio Vieira, The Intercept Brasil

Temer diz que impeachment ocorreu porque Dilma rejeitou Ponte para o Futuro

Durante coletiva de imprensa em Nova York, Temer assume o golpe após recusa em adotar programa do PMDB (Foto: Beto Barata/PR)

The Intercept – O presidente Michel Temer deixou escapar um "segredo" em discurso para empresários e investidores nos EUA: o impeachment de Dilma Rousseff ocorreu para implementar um plano de governo radicalmente diferente do que foi votado nas urnas em 2014, quando o PT ganhou a presidência pela quarta vez, e não por irregularidades praticadas pela ex-presidente.

Na sede da Sociedade Americana/Conselho das Américas (AS/COA), em Nova York, nesta quarta-feira, dia 21, Temer disse que ele e seu partido começaram a articular o afastamento de Rousseff em consequência direta da não aceitação do programa neoliberal do PMDB pela ex-presidente.

"E há muitíssimos meses atrás, eu ainda vice-presidente, lançamos um documento chamado 'Uma Ponte Para o Futuro', porque nós verificávamos que seria impossível o governo continuar naquele rumo. E até sugerimos ao governo que adotasse as teses que nós apontávamos naquele documento chamado 'Ponte para o futuro'. E, como isso não deu certo, não houve adoção, instaurou-se um processo que culminou agora com a minha efetivação como presidência da República."

O "Ponte para o futuro" prescreve a desvinculação dos recursos da saúde e da educação, desindexação dos benefícios e do salário mínimo, mudança de idade para a aposentadoria, parcerias com o setor privado e abertura comercial. Essas ideias estavam claramente refletidas na fala de Temer na AS/COA, que visava dar seguimento à incansável empreitada de privatizações e facilitação da entrada do capital estrangeiro no país, listando as vantagens e garantias que seu governo planeja implementar para assegurar o lucro dos membros da plateia, que o ouviam (não tão atentamente) enquanto desfrutavam de suas refeições.

Marcadas pelos já conhecidos eufemismos neoliberais para o que poderia simplesmente chamar de venda do patrimônio nacional, as garantias listadas pelo presidente incluíram a "universalização do mercado brasileiro", o "restabelecimento da confiança", uma tal "estabilidade política extraordinária", parcerias entre os setores público e privado e o avanço de reformas "fundamentais" nas áreas trabalhista, previdenciária e de gastos do governo. "Venho aqui convidá-los a participar dessa nova fase de crescimento do país," concluiu em tom de leilão.

Os dois grupos são compostos por representantes de corporações multinacionais e membros do estabelecimento de política exterior dos EUA em América Latina. Foram fundados pelo industrialista americano David Rockefeller e têm John Negroponte como presidente emérito – um político neoconservador fundamental para a guerra suja da CIA em Honduras e para a invasão do Iraque em 2003. Em seu site, o Conselho das Américas se define como uma "organização internacional cujos membros compartilham um compromisso comum com o desenvolvimento econômico e social, mercados abertos, estado democrático de direito e democracia por todo o hemisfério ocidental".

Essa é apenas mais uma singela confirmação de que o impeachment de Dilma não se deu por conta das supostas "pedaladas fiscais", como quis fazer crer a facção que agora ocupa o executivo federal. Não foi pela família brasileira, não foi por Deus, não foi contra a corrupção. Foi contra o trabalhador e em favor do empresariado. Foi por impunidade, lucro e poder.

Fonte: RBA

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A Madama Incompetenta levou o país à bancarrota, e sua Corte (que efetivamente a governava) insistia que, uma vez no fundo do poço, era necessário cavar mais ainda. É nessas horas, em que o executivo perdeu todos os escrúpulos de prudência e boa governança, que o PMDB, essa massa amorfa de fisiologismo político, o eterno partido governista, resolve dar as caras. Vimos isso com Collor, depois que ele deu carta branca aos inomináveis Economistas da Unicamp, e vimos novamente com Dilma, depois que ela fez o mesmo (claro, não sem antes retirar o último Ministro da Fazenda dotado de cérebro desde Palocci).

Um impeachment não se faz apenas com crime de responsabilidade. Vimos isso com Collor. Caiu por causa de um Elba? Não, o Elba foi a razão jurídica. Caiu por abissal incompetência, ao promover o congelamento das poupanças.

No caso de Dilma, ao menos, o crime tinha relação direta com a motivação. Afinal, as pedaladas fiscais e a contabilidade criativa foram ruinosas para a credibilidade econômica do país, auxiliando na situação caótica das contas públicas. Mas a inércia, indecisão, atuação contraditória, falta de articulação, o fato de ser dominada pelo Partido, e por se opor ao necessário em situação de crise, tudo pesou na sua merecida saída. continuar lendo

Mas não tem o que os comunistas escreverem mais? Tanta informação medíocre que nem se dá ao prazer de ler. continuar lendo

Inconformidade com a perda do poder ... na Venezuela isso vem custando vidas. É o que ocorre em todas as variantes da corrente castrista. continuar lendo