Busca sem resultado
jusbrasil.com.br
19 de Abril de 2024

Reforma da Previdência aponta para novo projeto de país: uma sociedade não solidária

Rombo da previdência é um discurso falacioso e a proposta do governo Temer traz mudanças drásticas e descoladas da realidade da população brasileira, dada a desigualdade.

Publicado por Cleide Azevedo
há 7 anos

Por Esther Dweck, no Brasil de Fato

Reforma da Previdncia aponta para novo projeto de pas uma sociedade no solidria

Proposta impossibilita o acesso aos que têm menor expectativa de vida e aos que estão em ocupações precárias (Foto: Reprodução)

Brasil de Fato – Com o falacioso discurso de rombo da previdência e de que o objetivo da reforma é garantir o sistema para as novas gerações, tentam amedrontar a população, inclusive com uma campanha publicitária com dados, no mínimo, controversos.

A proposta em nada tem a ver com a sustentabilidade no futuro. O impacto é de curtíssimo prazo, atingindo grande parte dos que poderiam se aposentar nos próximos 10 anos, e priva diversos cidadãos do direito ao sistema público de previdência. A esses restará o sistema assistencial, que também é destruído enquanto garantia uma renda real mínima.

A proposta traz mudanças drásticas e descoladas da realidade da população brasileira, que não pode ser representada por uma média, dada a desigualdade.

A idade mínima de 65 anos, independentemente do tempo de contribuição, igualdade completa entre homens e mulheres, retirada de todas as condições especiais de professores e dos segurados especiais, desvinculação do salário mínimo das pensões e dos benefícios assistenciais e a exigência de 25 anos de contribuição mínima e de 49 anos de contribuição para o benefício integral estão entre as principais perversidades da PEC da Previdência.

Assim como no caso da EC 95 (ex-PEC 241 ou 55), há argumentos falaciosos, simplificadores e de geração de pânico, que não sobrevivem a uma análise mais criteriosa e escondem consequências desastrosas para o tecido social brasileiro.

O regime geral de previdência social (RGPS) e os benefícios assistenciais têm reconhecido efeito distributivo e de garantia de uma renda estável, ao longo de toda a vida, para grande parte da população brasileira. A previdência rural tem efeitos fantásticos incluindo a geração de condições fundamentais à agricultura familiar, principal forma de produção de alimentos no Brasil.

O RGPS se encontrava relativamente equilibrado. Enquanto a economia crescia, as receitas da seguridade cresciam mais do que as despesas, principalmente entre 2006 e 2013. Além disso, do ponto de vista demográfico, até 2030 o Brasil estará vivendo o chamado “boom demográfico” com a menor razão de dependência, a população em idade ativa será muito superior à população de crianças e idosos, o que não demandaria qualquer alteração durante esse período por questões demográficas.

Aparentemente, há dois motivos a uma proposta tão draconiana. Em primeiro lugar, a EC 95 exige uma grande redução da despesa pública nos próximos 10 anos e para que o teto da seja alcançado é necessário desmontar os gastos sociais que têm um crescimento acima da inflação decorrente do próprio crescimento vegetativo.

Somado a isso há uma clara intenção de retirar do sistema uma grande parte da população. A proposta praticamente impossibilita o acesso aos que tem menor expectativa de vida e aos que estão em ocupações mais precárias, com maior informalidade e maior rotatividade. Aos mais abastados, está garantida a previdência complementar.

As medidas adotadas são aquelas preconizadas por aqueles que dizem que “a constituição não cabe no PIB”, jogando todo o ajuste para a população. O regime contributivo e solidário irá ruir, ao invés de se tornar sustentável, e com isso os mecanismos redistributivos presentes nas políticas públicas brasileiras pouco a pouco serão eliminados.

UFRJ.*Esther Dweck é professora do Instituto de Economia da

Fonte: RBA

  • Publicações532
  • Seguidores44
Detalhes da publicação
  • Tipo do documentoNotícia
  • Visualizações358
De onde vêm as informações do Jusbrasil?
Este conteúdo foi produzido e/ou disponibilizado por pessoas da Comunidade, que são responsáveis pelas respectivas opiniões. O Jusbrasil realiza a moderação do conteúdo de nossa Comunidade. Mesmo assim, caso entenda que o conteúdo deste artigo viole as Regras de Publicação, clique na opção "reportar" que o nosso time irá avaliar o relato e tomar as medidas cabíveis, se necessário. Conheça nossos Termos de uso e Regras de Publicação.
Disponível em: https://www.jusbrasil.com.br/noticias/reforma-da-previdencia-aponta-para-novo-projeto-de-pais-uma-sociedade-nao-solidaria/423918044

3 Comentários

Faça um comentário construtivo para esse documento.

Não use muitas letras maiúsculas, isso denota "GRITAR" ;)

A reforma da previdência precisa ser melhor pensada. É a tentativa, vã e incorreta, de salvar um sistema condenado por sua própria natureza.

Deveria ter sido melhor pensada. A migração para planos privados, o fim do princípio da solidariedade, o equilíbrio entre a previdência do setor público com a do setor privado.

Ao invés disso, uma solução indigesta. Infinitamente melhor que deixar como está, mas ainda longe de corrigir o problema. continuar lendo

1º Falácia da idade mínima de 65 anos: Estão comparando com outros países, citando alguns Europeus, ora qual é a expectativa de vida por lá?

Resposta: querem pagar em MÉDIA 10 anos de aposentadoria, isso não integral, enquanto por lá pagam acima disso. Olha que há de verificar outros dados estatísticos como MEDIANA e MODA entre outros. Na minha opinião, se for para ter idade minima, deveria ser 58 anos.

2º Não irão mexer em todo o sistema previdenciário, déficit e só na pirâmide de baixo é fácil.

3º IGF até hoje não foi aprovado, pode ser usado como custeio.

4º Tirem a obrigatoriedade de contribuição, já que há déficit, cada escolhe o que fazer com o dinheiro. continuar lendo

Parece que o verdadeiro problema que existe, é considerar como previdência a manutenção dos soldos das forças armas;

A aposentadoria das classes privilegiadas, dos políticos e do sistema judiciário;

A aposentadoria rural e o "Loas", que na verdade não é aposentadoria é um benefício social, e portanto, deveria ter seu custeio em uma parte na arrecadação de impostos;

As tantas aposentadorias "falsas" fruto de um sistema mal dirigido, mal conduzido;

Durante os primeiros "35" anos quando não havia pagamento, somente arrecadação, ninguém se atreve a cogitar onde foi parar o astronômico valor arrecadado; arrecadado e desaparecido.

Enfim, saímos de um governo maldito do PT, e entramos no governo maldito do PMDB, da escravidão proporcionado pelos bancos, que cobram juros astronômicos e ao mesmo tempo, sustenta o governo via títulos do tesouro, perfeitamente representados por "agentes bancários".

Também, deve ser lembrado o valor da reserva cambial, com um rendimento exíguo, mantido às custas dos mesmos títulos do tesouro.

Vivemos em um país onde o governo "cheira mal", a bandidagem, principalmente os políticos, está à solta e impune, o povo massacrado, sem cultura, saúde, segurança pública; na verdade vivem sem honra, sem paz, sem dignidade. continuar lendo